quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Lembranças Aleatórias

Quando eu era criança, achava que o certo era “baumilha”. Achava também que quase todas as crianças morriam antes de virar adultas (era tanta notícia de morte na tv!), e que eu nunca teria um namorado. Afinal, namorado era coisa de gente muito adulta e muito especial!

Eu tinha a Menina Flor, o cachorro Snif Snif (que vinha com filhotinhos na barriga!), a estrela da Rainbow Bright (que eu não lembro o nome) e um Aquaplay. Como era divertido passar horas vendo as argolinhas nadarem na direção oposta das varetinhas...




Não gostava de ganhar beijos na bochecha, especialmente aqueles molhados que a tias gostam de dar na gente. Também não gostava de pizza porque tinha molho de tomate, e como eu não gostava de tomate... Eu andava com uma almofada na cara na sexta-feira santa, porque não podia suportar o cheiro do bacalhau. Meu sorvete favorito era o de milho verde (esquisito, né?), e eu achava simplesmente impossível ler a “palavra” LTDA. Não gostava de tirar aquelas fotos comemorativas na escolinha, saía em todas com cara de choro (pra não falar outra coisa. pena que não tenho nenhuma aqui comigo pra mostrar). Não entendia porque diabos a gente dava uma flanelinha pro pai no dia dos pais. Quem podia gostar de ganhar uma flanelinha?

Adorava ir pro clube de campo no fim de semana com a minha família e a família do Bergara. Teve um dia que me perdi voltando da piscina pro chalé. Solução? Abrir o berreiro. Funcionou (acho que vou voltar a usar essa tática).

Também teve o dia que, não sei como, me enfiei debaixo de um balanço enquanto brincava. O detalhe é que tinha uma menina no balanço, a Fernandinha. Aí o balanço veio e pá – na minha cabeça. Eu tinha uns 5 anos, acho. Só lembro do uniforme empapado de sangue e da sensação de ser o acontecimento do dia na escolinha. E a Natalia, que não queria me dar um brinquedo, tipo uma estrela com várias pontas que grudavam nas superfícies (alguma coisa parecida com isso aí embaixo), e resolveu então grudar a bendita em cima da tv. Fui lá e puxei a estrela. A TV veio junto...


Ah, e como esquecer de quando enfiei uma faca na tomada? De cabo de metal, detalhe. A energia da casa se foi e a ponta da faca, também. A gente guardava essa faca até uns tempos atrás. Onde será que foi parar?

E a vez que o Fernando, cansado de ter que aturar a irmãzinha 8 anos mais nova, me ofereceu um Chokito pra que eu não fosse a um museu com ele? Eu topei. Fiquei em casa vendo Jaspion e comendo meu Chokito, felizona. Meu irmão, aliás, me sacaneava demais... A melhor história com ele é a da carne. Um dia a gente tava em um churrasco na casa de uns amigos dos meus pais e ele me viu jogando uma gordurinha de carne por cima do muro, no vizinho. Com aquela cara de “você fez cagada”, ele me disse a frase tão temida: “Vou contar pra mãe!!”. E a partir de então passou a me chantagear: “Stella, pega água pra mim”, “Eu não, vai você”, “Olha que eu conto da carne!”,“Ta bom, ta bom!!”. E lá ia eu, toda apavorada.

Eu jogava Phantom System, taco, queimada. E queimei o Atari do meu irmão duas vezes porque tirei a fita sem desligar (é, eu merecia um pouco das maldades dele). Também pulava elástico e brincava de 3 corta, dicionário e stop com meus primos. Falando em primos, tinha os famosos teatrinhos que a gente ensaiava pro natal, com direção da prima mais velha Adriana. Como se ensaio adiantasse alguma coisa... Me lembro de ficar o tempo todo perguntando baixinho pra Natalia e pra Ju, as outras estrelas da peça: “e agora, o que que eu falo, mesmo?”. E quando a peça acabava, a gente ia colher amora e abacate no quintal da casa da vó.

Bons tempos. Deu saudade...


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