sexta-feira, 27 de maio de 2011

Lado Bom

Esse post vai parecer um exercício de psicólogo. Não dizem que tudo tem dois lados, o bom e o ruim? Pra dar uma pausa na falação negativa do Equador (já que sempre que vejo alguma coisa ruim por aqui automaticamente sai a frase “no Brasil não é assim”), resolvi escrever sobre coisas boas que encontramos no país. Um exercício e tanto pra mim, que tenho tendências quase nada pessimistas…

Esqueçamos, então, o sistema bancário, o trânsito maluco, o clima chuvoso, a péssima pizza local e os taxistas que se recusam a te levar ao seu destino.

Eis a lista “vou sentir saudade quando partir do Equador”:

  • Suco de amora: aqui tem em todo canto, faz parte dos sucos “básicos” dos restaurantes, junto com o de laranja, limão, abacaxi. Tem uma cor linda, gosto de bala e preço amigo (ao contrário do Brasil, onde um punhadinho de amora pode custar alguns bons reais).
  •  Vistas: o relevo local, com inúmeras montanhas e vales, nos permite ter vistas lindas em quase qualquer ponto de Quito. Podemos contar nos dedos de uma mão as casas e apartamentos que visitamos que não tinham uma janelinha sequer com uma vista espetacular da cidade.

  • Bom atendimento: os equatorianos são muito simpáticos e servis, e o bom atendimento nos restaurantes costuma ser regra. E eu não to nem falando de restaurantes caros, não. Pra quem acaba de sair de Brasília – que é capaz de arruinar a qualidade de qualquer franquia – a mudança é drástica!

  • Vida social: esse tópico é mais um mérito da comunidade brasileira que do próprio país (a lei seca local, na verdade, parece ter acabado com a vida noturna por aqui). Desde que chegamos já fomos a duas feijoadas, uma roda de samba, um festival de cinema brasileiro, apresentação de músicos…

  • Turismo: ainda pouco explorado, o Equador é um excelente lugar pra se fazer turismo. Isso porque o país tem um pouquinho de tudo: serra, vale, praia, floresta, ilha. No último fim de semana estivemos em Baños, uma cidadezinha de 20 mil habitantes no pé do Tungurahua, um dos mais de 30 vulcões equatorianos, e atualmente em atividade (expelindo só cinza). O atrativo são umas piscinas termais, com águas vulcânicas quentinhas, e o turismo de aventura (rafting, trilha). Como o tempo era curto e a idéia era relaxar, ficamos só nas piscinas, mesmo. E olha só a vista:

Piscina do hotel Luna Runtun, em Banõs. Recomendo muito!

  •  Preço do combustível: dirigimos cerca de 400km na viagem do último fim de semana. O gasto com combustível foi de 18 dólares. No Brasil, onde você consegue chegar com 30 reais de gasolina?

Até que a lista ficou grandinha, né? Minha terapeuta ficaria orgulhosa.

Semana que vem tem emoções mais fortes: finalmente nossa mudança vai chegar!

domingo, 15 de maio de 2011

O Espanhol

As pessoas dão risada quando eu digo, mas é muito sério: eu só sei falar espanhol no presente. Há uns 3 anos eu estudei a língua durante um semestre, nível "Basico 1". Aquele em que a gente aprende a dizer como se chama, quantos anos tem e o que faz da vida. Ah, e claro, aprendemos também a dizer o nome das cores, um ou outro bicho, algumas profissões e a contar até 100. É bom que você fica sabendo como se apresentar em algum evento social e... só! Não me pergunte porque alguém acha que é importante saber falar "bombeiro" em um idioma estrangeiro e ao mesmo tempo não ter idéia de como pedir um sanduíche na padaria.

Minha sorte é que o espanhol não é tão diferente do português, e todo brasileiro já vem com o portunhol de fábrica. Mas experimenta passar uma semana tentando se comunicar com estrangeiros (no meu caso, com os locais) sem usar um subjuntivo, um pretérito (e olha que eu to falando dos mais simples, nem precisa ser o mais-que-perfeito), um imperativo... É um saco! É tão chato que um dia eu notei que tinha parado de falar. A gente tava no carro da corretora que nos alugou a casa, ela e o Felipe (que fala espanhol muito bem) num super papo, e eu com várias opiniões e comentários sobre o assunto, mas sem falar nada porque não conseguia expressar minhas idéias com tão pouco vocabulário. Acabei ficando calada durante todo o trajeto porque não sabia falar.

As pessoas dizem que é assim mesmo, que com o tempo eu "pego" o espanhol e pronto. Mas eu sou muito perfeccionista pra isso, me recuso a continuar falando errado até a osmose linguística fazer efeito. Então defini que vou fazer aulas. Nas últimas semanas eu tentei encontrar um curso para estrangeiros, assim eu poderia unir o útil (aprender a língua) ao agrádável (conhecer pessoas). Mas esses cursos são muito focados em adolescente que vem fazer intercâmbio e tem 20 horas semanais livres pra estudar, o que nao é meu caso. Vou ter, então, que apelar pra um professor particular.

Mas aí, na semana passada aconteceu uma coisa engraçada. Eu e o Felipe estávamos assistindo House, que tem sido nossa novela por aqui (passa todo dias às 9 da noite, não tem problema se perdermos um capítulo ou outro e a gente sempre sabe como acaba), e de repente me dei conta de que as legendas em espanhol já não são um sofrimento. Nas primeiras semanas eu ia dormir com o cérebro meio que doendo, depois de passar o dia traduzindo mentalmente as conversas que tinha pela rua. E ver tv também era bastante incômodo, não sabia se prestava mais atenção no audio em inglês ou nas legendas em espanhol. E nesse dia, depois de um mês no Equador, percebi que o cérebro meio que entrou em modo automático. Não que eu estivesse entendendo todas as palavras que apareciam ali escritas nas legendas (mas em um episódio do House, mesmo em português, quem entende?), mas é como se eu tivesse aprendido a ignorar os detalhes e focasse só na idéia geral. Aí eu consigo ver o programa todo e entender a história do episódio sem sofrer com as "lombadas" do idioma.

Obvio que isso não me fez desistir das aulas, principalmente porque entender é uma coisa, e falar é outra totalmente diferente. Vou procurar o tal professor e espero que daqui a uns 3 ou 4 meses eu já consiga me expressar sem parecer um personagem daquelas propagandas velhas do CCAA. Enquanto isso, vou vendo meus programinhas na tv, bem sossegada. Bom, ao menos os legendados.Os dublados são papo pra outro post...

terça-feira, 3 de maio de 2011

Temos uma casa!

E eu não digo "casa" no sentido figurado, como quem quer dizer "um lar" (apesar de ser isso também). O "casa" lá do título do post é um imóvel com quintal, varanda, churrasqueira - e laranjeira e limoeiro plantados no jardim! Um imóvel que não tem elevador. Daqueles que a gente não tem que se preocupar se está incomodando vizinhos acima ou abaixo, e onde podemos ter cachorros sem ter pena de os coitados passarem o dia presos em um lugar fechado.

Sim, nós fechamos contrato no último final de semana, e decidimos pela casa!

Antes de vir para Quito, eu ja tinha tratado de tirar a idéia de morar em casas da minha cabeça. Todos que estavam aqui diziam que era muito difícil achar casas boas e seguras na cidade, que elas só existiam em locais mais afastados e que para chegar até esses lugares existe trânsito. E quando chegamos aqui, vimos que isso é verdade.

A gente é tonto, então? Tá indo contra o que todo mundo diz, só pode ser idiotice!

Talvez. Mas a casa... Ah, a casa! É tão linda! Foi o único dos 20 imóveis que visitamos onde eu me senti "em casa". Nada de modernosidades, nada de decoração fina, nada de frescuras. Um gramado, janelas de madeira (raridade por aqui), cozinha grande o suficiente pra caber as visitas mais chegadas e uma cara de "casa da família".

Mas nossa escolha não foi assim tão passional quanto deve estar parecendo. Examinamos muito bem o caminho que vamos fazer todos os dias até o trabalho, fizemos os trajetos nos horários de pico e acabamos estimando que vamos gastar uma hora por dia no carro. Nada mal pra quem já morou em São Paulo (o trânsito de Brasília também não andava lá essas coisas quando saímos de lá).

Outra vantagem: a casa fica em uma cidadezinha chamada Cumbaya, distante 10 km de Quito e 400 metros mais baixa, o que nos garante 3 ou 4 graus mais na escala Celsius. Bastante coisa pra quem está sofrendo com a média de 12 que vem fazendo por aqui.

A maior vantagem de todas? Essa vocês vão gostar: a casa é o ideal pra receber os amigos que se animarem a nos visitar!!

Estamos na contagem regressiva pra chegada da nossa mudança, que está prevista para o dia 22.

Podem ir comprando as passagens...