sábado, 25 de junho de 2011

A Chegada

Brasília, 1992. O jovem casal de italianos está ansioso pela chegada da sua mudança. Ele, diplomata, se acostumando ao trabalho em seu primeiro posto. Ela, grávida do primeiro filho, comprou todo o enxoval na Itália com receio de não encontrar no Brasil o berço e as roupinhas que queria. No dia marcado pela empresa que realizaria a entrega, preparam a câmera de vídeo pra registrar o momento tão aguardado, a hora de reencontrar suas coisas, sua casa. Chega o caminhão, ela liga a câmera e começa a filmar toda a cena: os carregadores descendo e se dirigindo para a parte de trás do conteiner e abrindo as trancas. Os dois estrangeiros vibram com o primeiro item exposto depois que as portas são escancaradas: o colchão deles, colocado em pé, como que fechando o restante da mudança no caminhão. Os funcionários retiram o colchão e... nada. O conteiner está vazio. Em algum lugar entre Roma e Brasília toda a carga foi roubada - exceto o colchão. Ela se desespera e desliga a câmera.

Os italianos nunca souberam os detalhes do roubo, se foram carcamanos ou malandros brasucas os responsáveis pelo sumiço. Receberam do seguro uns 50% do que valia sua mudança roubada e com isso se viraram para comprar móveis, eletrodomésticos, roupas e outros artigos pessoais. O choque foi grande, mas é claro que hoje, quase 20 anos depois, estão recuperados. Depois do Brasil, moraram no Equador, na Itália e voltaram pro Equador. Agora estão de mudança pra Republica Dominicana e nos alugaram sua casa aqui em Quito.

Há algumas semanas foi a nossa vez. Depois de alguns probleminhas com a companhia que estava trazendo nossas coisas,  o conteiner finalmente chegou. Foi meio de surpresa, estávamos trabalhando e nos ligaram avisando que a mudança estaria em casa em uma hora. Aquela correria pra passar no hotel, pegar nossas coisas, fazer check-out e ir até a casa. E quando o caminhão chega...



Abrindo o lacre...

abrindo a porta...


Ufa!
Todos os 104 volumes empacotados em Brasília chegaram sãos e salvos, depois de 55 dias de viagem! De prejuízo, só um copo quebrado.

Ainda que bem que só pegamos a casa dos italianos, e não a sorte...

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