domingo, 15 de maio de 2011

O Espanhol

As pessoas dão risada quando eu digo, mas é muito sério: eu só sei falar espanhol no presente. Há uns 3 anos eu estudei a língua durante um semestre, nível "Basico 1". Aquele em que a gente aprende a dizer como se chama, quantos anos tem e o que faz da vida. Ah, e claro, aprendemos também a dizer o nome das cores, um ou outro bicho, algumas profissões e a contar até 100. É bom que você fica sabendo como se apresentar em algum evento social e... só! Não me pergunte porque alguém acha que é importante saber falar "bombeiro" em um idioma estrangeiro e ao mesmo tempo não ter idéia de como pedir um sanduíche na padaria.

Minha sorte é que o espanhol não é tão diferente do português, e todo brasileiro já vem com o portunhol de fábrica. Mas experimenta passar uma semana tentando se comunicar com estrangeiros (no meu caso, com os locais) sem usar um subjuntivo, um pretérito (e olha que eu to falando dos mais simples, nem precisa ser o mais-que-perfeito), um imperativo... É um saco! É tão chato que um dia eu notei que tinha parado de falar. A gente tava no carro da corretora que nos alugou a casa, ela e o Felipe (que fala espanhol muito bem) num super papo, e eu com várias opiniões e comentários sobre o assunto, mas sem falar nada porque não conseguia expressar minhas idéias com tão pouco vocabulário. Acabei ficando calada durante todo o trajeto porque não sabia falar.

As pessoas dizem que é assim mesmo, que com o tempo eu "pego" o espanhol e pronto. Mas eu sou muito perfeccionista pra isso, me recuso a continuar falando errado até a osmose linguística fazer efeito. Então defini que vou fazer aulas. Nas últimas semanas eu tentei encontrar um curso para estrangeiros, assim eu poderia unir o útil (aprender a língua) ao agrádável (conhecer pessoas). Mas esses cursos são muito focados em adolescente que vem fazer intercâmbio e tem 20 horas semanais livres pra estudar, o que nao é meu caso. Vou ter, então, que apelar pra um professor particular.

Mas aí, na semana passada aconteceu uma coisa engraçada. Eu e o Felipe estávamos assistindo House, que tem sido nossa novela por aqui (passa todo dias às 9 da noite, não tem problema se perdermos um capítulo ou outro e a gente sempre sabe como acaba), e de repente me dei conta de que as legendas em espanhol já não são um sofrimento. Nas primeiras semanas eu ia dormir com o cérebro meio que doendo, depois de passar o dia traduzindo mentalmente as conversas que tinha pela rua. E ver tv também era bastante incômodo, não sabia se prestava mais atenção no audio em inglês ou nas legendas em espanhol. E nesse dia, depois de um mês no Equador, percebi que o cérebro meio que entrou em modo automático. Não que eu estivesse entendendo todas as palavras que apareciam ali escritas nas legendas (mas em um episódio do House, mesmo em português, quem entende?), mas é como se eu tivesse aprendido a ignorar os detalhes e focasse só na idéia geral. Aí eu consigo ver o programa todo e entender a história do episódio sem sofrer com as "lombadas" do idioma.

Obvio que isso não me fez desistir das aulas, principalmente porque entender é uma coisa, e falar é outra totalmente diferente. Vou procurar o tal professor e espero que daqui a uns 3 ou 4 meses eu já consiga me expressar sem parecer um personagem daquelas propagandas velhas do CCAA. Enquanto isso, vou vendo meus programinhas na tv, bem sossegada. Bom, ao menos os legendados.Os dublados são papo pra outro post...

4 comentários:

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  2. Stella, o espanhol é uma língua muito fácil. Você vai ver quando começar a estudar. Bjo

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  3. Sei muito bem o que você tá sentindo... passei por vários apuros - no telefone então é praticamente impossível acompanhar tudo... eles falam rápido demais!!Risos...
    Mas, se posso te dar um conselho: não tenha vergonha! Saia falando que você vai aprendendo! As conversas, ainda que "truncadas", ajudam bastante... pelo menos pra gente perder a vergonha e ir aprendendo aos pouquinhos! ;)
    Bjs!

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  4. E eu q nem comecei minhas aulas, ainda bem q não vou viajar sozinha (acho)...bjs

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