sábado, 2 de abril de 2011

Despedida

Começo este blog enquanto asso um bolo e preparo um pão (ou melhor, a máquina prepara) na cozinha da minha casa em Brasília. É sábado, mais de oito da noite, e me deu uma vontade súbita de passar alguns últimos minutos neste que é meu cômodo favorito do apartamento, ouvindo boa música e me despedindo de algumas coisas que não vão me acompanhar na nova vida no Equador – minha panificadora, por exemplo, presente de casamento que minha irmã Natalhovski me deu. E dá uma tristezinha…

As duas últimas semanas passaram tão rápido que mais pareceram dois dias. Na terça, 22 de março, finalmente soube que seria liberada do meu trabalho na DP do Itamaraty para acompanhar o Felipe em Quito. A oficialização só aconteceu uma semana depois, na última terça, com um telegrama para a Embaixada me designando para cumprir uma missão transitória de um ano naquele posto (ainda não posso ser removida definitivamente, pois para isso seria preciso que eu tivesse permanecido por dois anos trabalhando aqui em Brasília). E na próxima quarta-feira nossa casa já estará embalada em um contêiner a caminho do porto de Santos, de onde deverá seguir de navio para nossa nova casa.

Quem acompanhou de perto a “saga” da minha liberação sabe que há muito nos preparamos para essa mudança, afinal de contas o Felipe já está removido desde novembro e só tava esperando o ok do meu chefe pra irmos embora juntos. Mas preparar documentação, desmontar a casa, cancelar telefone e outros serviços, despedir dos amigos e da família, isso tudo não cabe muito bem em três semanas. Mas tá tendo que caber! Sorte que o Felipe está de férias e pode cuidar das providências burocráticas.

Amanhã, geladeira, fogão e máquina de lavar roupa seguirão para Minas com meus sogros. Não podem ir conosco pra Quito porque, além de diferenças de voltagem – Brasília é 220, lá 110 – existe um negocinho chamado ciclagem, que também é incompatível entre os dois locais, e pra isso não existe transformador (fique esperto quando for comprar algum eletrônico no exterior!). Na segunda e na terça o pessoal da companhia de mudança vem desmontar os móveis e encaixotar tudo. E na quarta a casa onde vivi nos últimos 10 meses não vai mais existir. Não que eu não esteja acostumada a mudanças. Se minhas contas não estiverem erradas, já morei em 17 casas e 5 cidades diferentes (um amigo do colégio, o André, dizia que meu pai só podia ser traficante. Que outra explicação teria pra tantas mudanças de endereço senão uma tentativa de se esconder da polícia?). Mas essa casa aqui é especial. É a minha primeira “de verdade”, com móveis que não são um improviso, que não parece uma república. É minha primeira com o Felipe. É a primeira que arrumamos do nosso jeito, com o chão xadrez na cozinha do jeito que a gente escolheu, o piso quadriculado verdinho no banheiro do jeito que queríamos, com a estante milimetricamente projetada pra TV, DVD e vídeo-game que eu desenhei. Com a faixinha de panelinas na parede da cozinha, que deu tanto trabalho pra achar…

Hora de tirar o bolo do forno - e de terminar o post! Pretendo escrever com uma certa freqüência, pra compartilhar a experiência de mudar de país com as pessoas queridas que estarão longe. Como eu sou ridiculamente demorada pra responder e-mails (né, Flávia?), vou me sentir menos em falta com os amigos se conseguir mandar notícias por aqui. Espero que vocês gostem!

Beijos!

PS: Pra quem não conheceu nossa casa em Brasília, aí vai uma fotinho do meu cenário de agora.




2 comentários:

  1. Legal, Stella! Vou acompanhar "de perto"!

    Também sou péssimo pra mandar emails, mas vou tentar sempre comentar alguma coisa por aqui.

    Tudo de melhor nessa (nova) nova fase!

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